Camilianos do Brasil

Como os camilianos chegaram no Brasil?

 

Tudo começou bem à camiliana, num hospital de Pádua, com um sacerdote doente, Teófilo Sanson, pároco em Sete Lagoas, Arquidiocese de Mariana, e os capelães que o deixaram edificado com seu zelo pastoral. Sugeriu-lhes uma fundação na sua diocese, oferecendo, inclusive, sua casa paroquial como residência inicial. O superior da comunidade, Pe. João Lucca, interessou-se pela proposta. Era fevereiro de 1922, mês da conversão de São Camilo, ponto de partida de uma “nova escola de caridade”, uma “plantinha” que, segundo o Fundador, estenderia seus ramos pelo mundo.
O Pe. Teófilo escreveu ao Arcebispo, sugerindo que convidasse os camilianos para a sua Arquidiocese. O que escreveu, ninguém sabe, mas no dia 23 de março, D. Silvério escreveu ao Pe. João Lucca formalizando o convite. A carta chegou ao destinatário um mês depois, e este a passou ao provincial Pe. Ângelo Carazzo, que sem mais, foi a Pádua para um encontro pessoal com o Pe. Teófilo, encontro que o deixou “pouco satisfeito e nada entusiasmado”, apesar “das melhores promessas e das mais lisonjeiras esperanças”.
Dias depois, escreveu ao Pe. Lucca que a Província não podia assumir novas fundações “por falta de pessoal e outros graves motivos”. O Pe. Lucca remeteu a carta de D. Silvério ao superior geral, Pe. Alfonso Maria Andrioli, que a interpretou como “vontade de Deus” e não se manteve indiferente.

 

Os primeiros camilianos


Os escolhidos para virem para o Brasil foram os padres Inocente Radrizzani e Eugênio Dalla Giacoma. Ambos iniciaram os preparativos para a viagem, mas aguardavam a resposta de D. Silvério à carta do Pe. Geral, pois não queriam partir sem o beneplácito explícito do arcebispo. Infelizmente não chegou resposta. Souberam, por ouvir dizer, que o arcebispo estava muito doente. Por conselho do Pe. Pedro Kraemer, consultor geral, no dia 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, tomaram a decisão de partir, mesmo sem a resposta do arcebispo.
Desembarcaram no Rio de Janeiro no dia 15 de setembro. Haviam viajado com alguns salesianos que, ao chegar, os acolheram em seu Colégio Santa Rosa, em Niterói, primeiro ponto de apoio dos camilianos no Brasil. No dia seguinte, mantiveram o primeiro contato com o Núncio, D. Henrique Gasparri, que não demonstrou qualquer interesse pela missão camiliana.
Naquele mesmo dia, partiram para Mariana, com pernoite em Belo Horizonte, chegando ao seu destino no dia 18. Na cidade, ninguém sabia que deviam chegar, nem mesmo o bispo auxiliar, no momento Vigário Capitular. A acolhida foi fraterna, com interesse pela missão camiliana.
Já nos primeiros contatos, os dois pioneiros deram-se conta de que o campo não era tão favorável quanto esperavam, apesar de o bispo ter-lhes oferecido um hospital de aproximadamente 100 leitos em Juiz de Fora e outro de 50 leitos em Queluz, além de uma paróquia um tanto problemática.
No dia 24, um domingo, Pe. Inocente celebrou missa na Santa Casa de Ouro Preto, onde as irmãs Salesianas prestavam serviço. Em conversa com seu hóspede, a superiora da comunidade fez-lhe compreender que Mariana não era o lugar para iniciar a fundação.

 

Rio de Janeiro ou São Paulo?


No dia seguinte, outro salesiano, Pe. Carlos Peretto, externou a mesma opinião, sugerindo como pontos para a fundação Belo Horizonte, Rio ou São Paulo. Um encontro com D. Sebastião Leme, bispo auxiliar do Rio foi mais promissor: “Padre, se não acertar com o Arcebispo de São Paulo, eu lhe abrirei as portas da diocese do Rio”.
O encontro com D. Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, que estava no Rio para o Congresso, foi rápido e a resposta do Arcebispo pouco animadora: “Se quiser paróquias, podemos tratar do assunto; se não, nem pensar em tratativas”. O Pe. Inocente explicou-lhe que não excluía paróquias, desde que acompanhadas do ministério camiliano. E o Arcebispo retrucou-lhe: “Aqui não podemos resolver nada. Se quiser, pode ir a São Paulo e ver se lá é possível a sua missão. Depois, refira-me. Por enquanto, nenhum compromisso comigo.”
Quem salvou a situação foi o secretário de D. Duarte, Pe. Alfredo Mecca. Ele e o Pe. Inocente decidiram apresentar ao Arcebispo um memorial sobre a Ordem e suas atividades, que o Pe. Alfredo, por ser italiano, conhecia bem.


Em São Paulo 


No dia 4 de outubro, o Pe. Inocente estava em São Paulo, com “acolhimento mais que fraterno”. Manteve logo contatos com “pessoas que podiam esclarecer a nossa obscura situação.”
“Com a graça de Deus e paciente perseverança, compreendi logo que São Paulo podia transformar-se num campo imenso de atividade camiliana... resolvi pôr termo às minhas peregrinações, fixando São Paulo como o início de toda a nossa atividade.”
No dia 9 de outubro, teve audiência com o Arcebispo, que lhe disse: “Padre, li o seu memorial... gostei do programa da sua Ordem... será providencial para a minha Diocese e para o Brasil”.
De hóspedes dos salesianos passaram a hóspedes dos capuchinhos, no convento e igreja da Imaculada Conceição, na Av. Brigadeiro Luís Antônio, onde permaneceram até o dia 10 de fevereiro de 1923, pois os frades lhes haviam cedido a capelania do Hospital Humberto I, da Colônia Italiana, não muito distante do convento. O Pe. Dallagiacoma assumiu a capelania no dia 15 de novembro de 1923, iniciando oficialmente a atividade camiliana no Brasil.


Vila Pompeia

 

Depois do ingresso dos camilianos na Santa Casa, como se fosse um prêmio e apoio da providência aos camilianos, o Arcebispo concedeu-lhes, em usufruto perpétuo, 5.000 m2 de terreno na Vila Pompeia, com capela e pequenas dependências, além de uma escola primária, com a única condição de atender pastoralmente a população da Capela Nossa Senhora do Rosário. Lá surgiu a casa mãe da Província.
Foi lá que também surgiu, em 1928, o Ambulatório S. Camilo, primeiro centro camiliano de assistência médica aos doentes no Brasil, unindo, de forma inseparável, em harmonia com o ideal de S. Camilo, a assistência espiritual e corporal, com o Ir. Antônio Guzzetti.
Em 1935, o humilde ambulatório, mal acomodado nas dependências da escola, transformou-se em Policlínica São Camilo, com edifício moderno e bem equipado, ampliando e melhorando a assistência aos pobres e não pobres. No dia 10 de setembro de 1944, à sombra da Policlínica, foi lançada a primeira pedra do Hospital São Camilo. Mas a primeira parte só seria inaugurada no dia 23 de janeiro de 1960.
Eis as palavras que o então provincial, Pe. Domingos Gava, disse na solenidade da inauguração: “Construir um prédio dessas proporções, sem possuir um fundo econômico, sem ter rendas fixas é empreendimento que está fora da norma comum da vida comercial: francamente diríamos que é empreendimento de loucos ou de santos. Nós, sem querer definir-nos como tais, procuramos imitar os segundos e confiar na divina providência que, se realmente não faltou, como nunca faltará, não nos poupou grandes amarguras e sofrimentos”. 
Foi assim, com trabalho, sacrifício e a colaboração de muitos que a província construiu as obras básicas que impulsionaram a caminhada dos camilianos no Brasil e que ainda constituem seu principal ponto de apoio.

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